Merelim S. Paio

A freguesia de Merelim S. Paio remonta ao século XIII, encontra-se localizada a 6 km a Noroeste de Braga, na margem esquerda do Rio Cávado, entre a Ponte de Prado e o Açude de Ruães. Com uma extensão territorial de 239 hectares, Merelim S. Paio encontra-se delimitada pelas freguesias de Prado (concelho de Vila Verde) a norte, Merelim S. Pedro e Panoias a sul, Palmeira a nascente e Mire de Tibães a poente. Do património histórico destacam-se seis maravilhas as quais apresentamos a concurso: a Villa Merlin, a Igreja Paroquial, a Ponte de Prado, a Capela de S. Roque, a Capela de Nossa Senhora do Carmo, Alminhas e Fonte do Carmo, o Parque de Merendas, Ciclovia e Ecovia.
Villa Merlin

A freguesia de Merelim S. Paio já existia no ano de 1220 e era formada por 22 casas. Um documento de 1320 dá-nos conta do potencial económico da freguesia nessa altura, feita avaliação das igrejas esta rendia 40 Libras. S. Paio de Merelim fazia parte do Couto de Tibães, era uma das diversas povoações que os Monges do Mosteiro de Tibães dominavam.
Porquê «VILLA DE MERLIN» ?­­­__ O nome «VILLA» era dado a grandes extensões agrárias pertença de um só «senhor». O nome de MERLIN deriva do nome desse «Senhor». Diz a lenda que MERLIN era um cavaleiro importante, homem que se distinguiu pelos seus valores, tanto guerreiros como em cavalheirismo e que foi companheiro do Rei Artur de Bretanha. Assim, o dito senhor baptizou esta terra com o seu nome. Antes do séc. X, Merlin, era uma propriedade única, sendo mais tarde dividida em duas.
Foi no século X que lentamente se começaram a formar as freguesias no Norte de Portugal. Assim, é apenas em 1220 que aparece a designação de S. Paio de Merelim. Encontramos duas designações novas S. Paio e Couto de Tibães, sendo o primeiro o padroeiro (mártir), natural de Tui (Espanha), que foi martirizado com 13 anos de idade no ano de 925 por ordem de Califa de Córdova. A sua fama de mártir expandiu-se e a população de Merelim tornou-o seu padroeiro.
Actualmente a freguesia de Merelim S.Paio é formada por 18 lugares e está localizada no Concelho de Braga tendo como fronteiras, a Norte a Vila de Prado, pertencendo esta ao Concelho de Vila Verde, a Sul a freguesia de Merelim S. Pedro, a nascente e a poente respectivamente, as freguesias de Palmeira e Mire de Tibães, estas últimas pertencentes ao concelho de Braga.          
Merelim S. Paio encontra-se situada no Vale do Cávado, rio que no seu trajecto corre ao longo de toda a freguesia podendo considerar-se uma fronteira natural com o vizinho concelho de Vila Verde, pois separa esta freguesia da Vila de Prado.
Depois deste regresso ao passado e por tudo que esta lenda nos faz lembrar, encontramos nas nossas memórias sombras de um certo cavaleiro Merlin, que pela sua bravura marcou uma cultura, um povo que ostenta com orgulho o nome da sua terra.

Igreja Paroquial de Merelim S. Paio
A Igreja Paroquial de Merelim S. Paio é um edifício religioso datado do séc. XIX. Encontra-se no local mais elevado da freguesia de Merelim de S. Paio, que se situa num extenso Vale, mais propriamente no vale do Cávado.
Na sua construção, foram utilizados materiais como a pedra, a cal e o reboco de cimento. O acesso à igreja é feito por uma longa escadaria que vai de encontro à gruta da Nossa Senhora de Lurdes que se situa debaixo de uma parte do adro da Igreja. A frente da Igreja é constituída por uma grande janela ladeada por um varandim em pedra. A porta principal possui uma borda e padieira em pedra. Nas laterais encontramos treze grandes janelas com borda em pedra e duas portas com bordo e padieira em pedra. Esta Igreja possui três naves: sacristia nova, o culto e a sacristia velha.
O interior da Igreja (culto) é composto por altares em talha dourada. A nave da Igreja, que era em gesso, foi decorada com a bela pintura, que ainda hoje possui, executada pelo artista bracarense António Alves. No altar-mor encontramos S. Paio, na extremidade esquerda do altar.
No centro podemos observar Jesus de Nazaré, Rei dos Judeus, exposto na cruz. Já na extremidade direita encontramos S. José.
As laterais da nave possuem três altares de cada lado. O actual altar, Sagrado Coração de Jesus, de talha superior aos outros, que se encontra do lado direito da igreja e era o altar-mor da antiga Igreja. Ainda neste mesmo lado podemos encontrar a Sr.ª de Fátima, S. Sebastião, Sr.ª da Conceição, Menino Jesus e as Alminhas do Purgatório. Do lado esquerdo do altar-mor encontramos a Sr.ª do Sameiro, Sr.ª do Rosário, Sr.ª das Dores e S. Judas Tadeu. Actualmente a pia baptismal nova está do lado esquerdo do altar-mor, a pia baptismal antiga encontra-se na entrada da porta principal, do lado direito. Na sacristia encontra-se um abade em pedra trabalhada do séc. XIX, que terá pertencido à Igreja velha. A tribuna da Igreja foi paga por D.ª Ana Rosa da Costa. O seu marido, Manuel Marques da Costa Braga mandou construir os escadórios e a gruta, em 1909.
Sabe-se que Ernesto e Camilo Korrody elaboraram um primeiro projecto desta Igreja que nunca foi concretizado. Só mais tarde, pelas mãos do Eng.º João Teixeira da Silva foi elaborado o projecto definitivo que deu lugar à actual Igreja, levada a cabo pelo construtor civil João Gomes da Silva Guerra, a 20 de Abril de 1902.
A Igreja Paroquial de S. Paio de Merelim possui um valor artístico, quer pela sua localização, nos proporciona uma vista paradisíaca, (Para a Serra do Gerês, o Sameiro, o Bom Jesus) quer pelo seu interior, todo ele em talha dourada. Um local de culto que atrai visitantes de inúmeros destinos, sendo um local de passagem obrigatória. 

Ponte de Prado
A ponte do Prado está localizada sobre o rio Cávado entre Merelim S.Paio e a Vila de Prado, dividindo, portanto, duas freguesias e dois concelhos, o de Braga e o de Vila Verde. Trata-se de uma infraestrutura construída durante o reinado de Filipe I de Portugal (II de Espanha), pelo arquitecto António de Castro no século XVII, para substituir a ponte anterior, datada do século XII e que fora destruída pelas cheias no século XVI.
Decretada monumento nacional desde 1910, a ponte do Prado é em granito e ferro, de tabuleiro com duas rampas sobre nove arcos desiguais, uns de volta redonda e outros quebrados.
Sobre o talhante que se situa entre os dois arcos centrais existe um varandim com duas bancadas de cantaria, encimadas por pedras de armas e inscrições.
Dada a história, a estética e a utilidade desta ponte, considerada actualmente património nacional, é sem dúvida uma admirável obra, fruto da criação humana que interessa preservar.

Capela de S. Roque





A Capela de S. Roque é um edifício/estrutura religiosa do tipo capela e situa-se em Merelim S. Paio. 
Protegida pela Fábrica da Igreja Paroquial de Merelim S. Paio, a capela está situada no centro da freguesia, rodeada por uma zona habitacional, a confrontar de todos os lados com terreno público. No Largo de S. Roque, frente para a avenida com o mesmo nome, esta capela é um dos ex-líbris da freguesia. Do lado direito, à diagonal da capela, podemos encontrar uma estátua em honra deste santo que muitos chamam “S. Roquinho”. Esta capela é bastante conhecida pela sua romaria anual ao glorioso S. Roque no primeiro Domingo de Setembro, embora o dia de S. Roque seja a 16 de Agosto.
A capela construída pelo povo no séc. XVI, com planta longitudinal de uma só nave e um portal rectangular ladeado por duas janelas rectangulares, é um exemplar da arquitectura maneirista. No seu interior, merece destaque um excelente retábulo-mor de talha policroma do estilo Joanino, em cujo centro se encontra a imagem de S. Roque. Os materiais utilizados na sua construção são a pedra, a cal e o reboco de cimento. A capela possui três pequenas janelas, duas à frente e uma na lateral direita. Estas são rodeadas de pedra. Encontramos também duas portas constituídas por dois pilares e uma padieira, uma delas situa-se na lateral direita. A frente da capela é protegida por um alpendre e um muro de pedra e o acesso à capela é feito por uma escadaria também ela em pedra.
Foi edificada Séc. XVI (1569) após uma peste que grassou no Couto de Tibães, ao qual pertencia o lugar e já no Séc. XVIII procedeu-se à feitura do retábulo-mor.
Esta capela foi construída para venerar S. Roque que é advogado das pestes e da Guerra, pois foi ele que salvou os habitantes da freguesia desta enfermidade. A sua romaria anual é muito conhecida e traz a Merelim S. Paio milhares de devotos que prestam culto ao Santo Glorioso.
Capela Nossa Senhora do Carmo, Alminhas e Fonte do Carmo

 










A Capela de Nossa Senhora do Carmo é um edifício construído religioso, que se pode observar na freguesia de Merelim S.Paio, a que está localizada numa pequena elevação relativamente à estrada nacional 201, Braga – Prado.
Não se sabe ao certo quem foi o construtor nem a data de construção. Pelos documentos que nos foram facultados pelo Sr. David Pinto da Silva, observamos que existe uma escritura do séc.XVI referente à compra por João Afonso, de Braga, a Amaro Anes, de Gaindo, em 1574 da Devesa de Monte-Chãos, o terreno onde actualmente se encontra a ermida. Provavelmente, a capela terá sido construída entre 1589 e 1609, dado que há documentos que afirmam que a mesma foi legada por D. Frei Agostinho de Jesus, Arcebispo de Braga, o qual só o poderia ter feito no referido período.
A Capela é rodeada por um pequeno espaço verde. À direita desta pode observar-se um Cruzeiro simples em granito, a atrás e do lado esquerdo habitações. Em frente, existe uma escadaria que leva à estrada e nos deixa observar, no muro, do lado esquerdo, as Alminhas e a Fonte do Carmo
A planta da Capela é simples, com nave única rectangular abobadada. Fachada em empena e portal de verga recta com pilastras. Exemplar da arquitectura maneirista, alberga no interior um retábulo policromo maneirista, em granito e tem um adro murado onde se situam umas alminhas. Possui uma cobertura abobadada de caixotões.
As Alminhas possuem um painel, em bloco autónomo de metal, pintado, com cenas do Purgatório e a figura central de Nossa Senhora do Carmo. De arquitectura religiosa contemporânea, tem uma caixa de esmolas com porta em ferro.
Ao lado do adro murado, a Fonte do Carmo, de arquitectura simples, data de 1616. Esta é de pedra onde tem uma inscrição hoje incompleta mas que originalmente constava do seguinte “Esta fonte mandou fazer Camilo Correia e sua mulher Arcádia para os passageiros desta estrada/ 1616”. De recordar que este local fazia parte do Caminho de Santiago Português, percorrido pelos peregrinos.
Dada a singularidade desta bela capela, somos convidados a fazer uma viagem por um caminho que em todos o passos nos revela o quanto estes espaços contam a história de um povo. As grandes peregrinações, que eram feitas até à Senhora do Carmo, conheciam gente de bem longe, que aqui vinha rogar pela chuva para as suas colheitas em tempo de seca, omitindo o nome da respectiva paróquia, dizendo simplesmente que “vinham ao Carmo”. Ainda hoje a imagem da Senhora do Carmo é incorporada na tão conhecida procissão de S. Roque, dado o seu simbolismo na vida da população. 
Parque de Merendas, Ciclovia e Ecovia





O parque de merendas, onde se encontra também a ciclovia e a ecovia, está localizado em Merelim S. Paio e foi considerado sítio natural do tipo zona de lazer. A ciclovia e a ecovia foram construídas em zona considerada agrícola, ou seja, faz parte da reserva Agrícola Nacional. Quer o parque de merendas, quer a ciclovia e a ecovia encontram-se protegidos pela lei da água.
Embora não existam dados concretos sobre o estado inicial deste espaço, sabe-se que o projecto para a construção do parque foi aprovado em 1997, pelas mãos da Eng.ª Rosa Barros, HPN (Estudo e Projecto).
Situado na extremidade norte de Merelim S. Paio, atravessado por uma ponte românica, este espaço é um local aprazível procurado não só por habitantes da Zona mas também por alguns turistas. O Rio Cávado, que no seu trajecto para a Foz (Esposende), atravessa a freguesia no topo norte, pode ser considerado uma fronteira física da freguesia, oferecendo a este local uma extensa margem de águas que encerra uma beleza única. 
Um local amplo revestido por uma vasta vegetação, este parque é representativo de um “regresso às origens”, onde o ser humano e a natureza convivem em plena harmonia. Espaços naturais como este são exemplo do reaproveitamento daquilo que existe e pode servir todos sem que o meio ambiente seja comprometido pelo seu pior inimigo: o homem.

Ângela Rocha
Isabel Peixoto
Sónia Carvalho